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08 novembro 2024

A Capcom sabe que você shippa os personagens

Recentemente saiu na para a Friday Digital, uma pequena série de entrevistas, em três partes, muito legais da idol Suzuki Mob, do grupo Nippon Wachacha, onde ela, numa conversa com o Nakayama, conta de como saiu de uma pessoa que nem sabia jogar videogame para uma grande fã da série Street Fighter, aprendendo a jogar e até participando de campeonato. 

E não apenas isso, você termina conhecendo um pouco até de alguns detalhes da vida do Nakayama, como quando ele se interessou por jogos de luta. 

Você pode conferir as conversas, em japonês, aqui, aqui e aqui.

Porém, uma coisa que chamou a minha atenção foi um detalhe peculiar, visto que eu volta e meia tenho debatido sobre esse assunto: os ships presentes na série.

Apesar de, na maior parte das vezes eu terminar debatendo sobre Ryu e Chun-Li, já que tem bastante gente que, mesmo com Street Fighter 6 tendo esclarecido muita coisa, insiste que os dois mal se conhecem, é perceptível que a Capcom tem instigado os fãs.

Ryu e Chun-Li na famosa imagem do Pocky

Isso vale seja com detalhes da lore deles, que termina alimentando isso ou com diversas ilustrações, sendo uma das mais explícitas quanto a isso a do Pocky de 2019, com Chun-Li e Ryu se agarrando e fazendo brincadeira de casal com o biscoito. 

Na entrevista é comentado brevemente sobre a popularidade de Luke e Jamie entre algumas mulheres que são fujoshis e que isso não passou despercebido pela Capcom. E o que isso quer dizer?

As duplas do meio do pôster são formada por amigos(?) muito próximos, enquanto que as da ponta por rivais ocasionais que se enfrentaram ou irão se enfrentar

Se vocês notarem em algumas imagens promocionais e outras oficiais Ryu e Chun-Li, Luke e Jamie, assim como também Marisa e Manon, aparecem interagindo. São seis personagens que pela lore possuem ligação, com Chun-Li e Ryu sendo amigos íntimos e possuindo uma relação que pode levar a outras interpretações (converse com a Blue Mary no Street Fighter 6 e verá que a relação dela com o Terry lembra a de Chun-Li com Ryu e sabemos que Terry e Blue Mary possuem um laço que vai além da amizade), Jamie e Luke sendo amigos e rivais que vivem brigando e Marisa e Manon que construíram um belo laço de amizade que também pode levar a outras interpretações, ainda mais sabendo que Marisa é bissexual e poliamorosa (já que é fato conhecido que ela gosta do Zangief).

E mesmo eles sendo apenas amigos, nada impede de termos imagens que podem levar a outras interpretações. Tais como essa:

Essa:

Ou essa:

A Capcom reconhece a popularidade deles como casais, com Ryu e Chun-Li sendo um dos mais antigos da série e isso é refletido em produtos antigos, como antologias oficiais e publicações nos perfis oficiais, seja o japonês ou o internacional.

Claro, há outros ships bem populares e que a Capcom também pode aproveitar, como Juri e Chun-Li (visto que na lore ambas tem ligação e Juri parece gostar da Chun-Li e de outros personagens como Ryu, Cammy e C.Viper do jeito distorcido dela), Ryu e Ken, Cammy e Vega, A.K.I. e Rashid, possuindo ou não ligação com a lore dos personagens no jogo. 

Isso até me faz perguntar se, após a confusão que se teve com o desenhista que propagou Juri e Menat (sim, porque grande parte das fanarts que surgiram na época foram comissões que ele pagou, diferente do que rolou com Luke e Jamie que foi mais orgânico), se a Capcom irá ao menos dar "alguma migalha" como ela faz com alguns ships, até porque, principalmente após a confusão, o ship meio que "morreu de vez".

O que quero dizer é que, diferente da negação de algumas pessoas, seja por conta de uma visão distorcida do personagem ou até mesmo ciúmes de sua waifu ou husbando, se nós temos numa propaganda de perfume Ryu e Chun-Li com olhares insinuantes, isso não foi por acaso. Se temos Luke e Jamie tomando um chá olhando para a nossa cara, mesmo não acontecendo absolutamente nada ali, eles não são ingênuos em achar que isso não vai virar material para ship. 

Se as ilustrações do Pocky de Rashid junto de Alex e Juri junto de Menat virou, mesmo não possuindo absolutamente nada que indicasse algo acontecendo (diferente de Ryu e Chun-Li que tiveram mesmo uma pegada mais de casal), viraram, imaginem ilustrações onde os personagens estão sozinhos ou que de fato há uma interação entre as duplas, como a que aconteceu no poster do Lagunasia. Fora aquelas onde, mesmo o personagem estando só, há um detalhe que alimenta o ship.

Claro, nem toda ilustração onde há interação com dois personagens ou mais significa que ela foi feita com o propósito de shippar alguém que esteja ali com outra pessoa, como a da cena do modo história do Honda de SF V com as garotas onde, por mais que seja fanservice não há exatamente um ship ali, a não ser que você tenha bastante imaginação para isso, como por exemplo achar que R.Mika e Ibuki estão perto uma da outra porque estão namorando.

Comentários sobre uma campanha da Capcom com Street Fighter e ambientes corporativos: a pessoa comemora que os personagens que são usados em ships tiveram interação, mesmo não sendo nenhum pouco romântica.

Só que, vai ter gente vendo algo a mais em interações que nada possuem de românticas ou insinuantes, isso terá. E, sendo bem sincera, não vejo problemas, desde que a pessoa em questão não seja aquele tipo de fã que sai atacando quem não concorda com ele ou que acha que o seu headcanon é canônico.

Trecho da novel do anime longa metragem de Street Fighter II. Note que Eliza ali, aparentemente, morre de ciúmes de Ryu.

Por último, quero dizer que isso não é de agora. Em materiais antigos você já encontra esse tipo de coisa, seja em algum jogo da série ou em ilustrações e até mesmo em produtos oficiais, como antologias e novels, não importando se o casal em questão seja hétero, gay ou lésbico. 

Óbvio que é bom salientar que, a Capcom instigar, não significa que ela irá mudar algo já estabelecido na franquia, como o fato de Ken amar demais sua esposa e filho, algo que foi bastante exposto em Street Fighter 6. Nesse ponto, se for para algum ship ser oficializado, é mais fácil trabalhar com personagens que permitam tal coisa, como a Marisa.

Outro detalhe interessante é que o Nakayama comenta que eles possuem um número grande de jogadoras e fãs do sexo feminino. O que me leva a pensar se isso não influenciou o próprio design de personagens masculinos, sejam clássicos como Ryu, Ken e Vega/M.Bison, aos nem tão novos como Luke, Rashid e Ed e os novatos como Jamie e JP. Até porque, a própria Suzuki Mob, comenta brevemente sobre a existência de perdsonagens bonitos. Sem contar também as personagens femininas, que mesmo no caso de Marisa, que foge de um determionado padrão, são belíssimas e carismáticas e, para desgosto de alguns tipos de militantes, são sexualizadas (e sexualização ali não é exclusividade de mulheres, vide o fanservice ambulante que é o Ed). 

Então, o que posso dizer depois disso tudo é, simplesmente curta o jogo da maneira que preferir, mas sem ser a pessoa que ataca o coleguinha que curte também outras coisas. Afinal, nós temos algo em comum, seja você competitivo, casual, shippeiro, apreciador da lore, ou que está lá só pelos bonecos gostosos: gostamos de Street Fighter e jogos de luta.

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