Nihao, pessoas. Infelizmente, dessa vez, não estou aqui para falar sobre uma curiosidade bacana (ou bizarra) de Street Fighter. E sim sobre o PL 8615/2017, que, pode sim, proibir certos tipos de entretenimento.
Mas, qual a problemática disso tudo? É isso que irei, tentar explicar e, como brinde, teremos a "problemática atrás da problemática".
Primeiro, vamos a lei em si:
PROJETO DE LEI Nº , DE 2017
(Do Sr. Deputado PR. MARCO FELICIANO)
Modifica o artigo 74 da Lei nº8.069, de 13 de julho de 1990.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Esta Lei modifica o artigo 74 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, para obrigar as exibições ou apresentações ao vivo, abertas ao público, tais como as circenses, teatrais e shows musicais, a indicarem classificação indicativa adequada às crianças e aos adolescentes e proibir que a programação de TV, cinema, DVD, jogos eletrônicos e de interpretação – RPG, exibições ou apresentações ao vivo abertas ao público profanem símbolos sagrados.
Art. 2º O artigo 74 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões, espetáculos públicos, exibições ou apresentações ao vivo, abertas ao público, tais como as circenses, teatrais e shows musicais, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
§ 1º. Os responsáveis pelas diversões, espetáculos públicos, exibições ou apresentações ao vivo, abertas ao público, tais como as circenses, teatrais e shows musicais, deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.
§ 2º. Não será permitido que a programação de TV, cinema, DVD, jogos eletrônicos e de interpretação – RPG, exibições ou apresentações ao vivo abertas ao público, tais como as circenses, teatrais e shows musicais, profanem símbolos sagrados.”
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Esta lei vocês podem conferir neste link, na íntegra, com as justificativas.
Agora vamos ao ponto.
Creio que, todos já sabem o motivo disso. Sim, estou falando do Queer Museu e do que aconteceu no MAM. Não irei entrar em detalhes e muitos menos afirmar se aquilo é certo ou errado, só estou deixando claro os motivos explícitos para isso.
A primeira problemática desta questão é, o que seria a "profanação de símbolos religiosos"?
Primeiro, porque, nós já temos uma lei que cuida especialmente dos "sentimentos ao sagrado", que é o artigo 208 do código penal:
CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
Ou seja, se alguém, por exemplo, chuta a imagem de Nossa Senhora, taca fogo na Bíblia para provocar, caga no Corão, invade um terreiro de Umbanda para fazer merda, proíbe a entrada de ateus em seu comércio, tudo isso pode ser encaixado nessa lei. Então, isso já meio que torna esse PL um tanto inútil.
Segundo é que, devido ao contexto que ela está inserida, teríamos uma censura sem precedentes em diversos produtos de entretenimento, desde músicas (sejam pelos clipes ou a letra) até jogos de videogame! Lembra quando a gente jogava SF, contra o Vega/Bison e poderíamos quebrar alguma estátua do estágio dele? Pois bem, isso pode ser considerado profanação de um símbolo sagrado, já que o cenário é baseado em um templo real!
Não poderei mais chutar o traseiro de Lord Vega/Bison, porque profanei a estátua do cenário! =( |
E se um espetáculo teatral for sobre o episódio do Império Bizantino em que houve a Iconoclastia? Irão proibir? E se for um filme de terror com vampiros, que detestam cruzes? Aliás tô vendo que o jogo Darkstalkers seria proibido aqui, devido a essa imagem oficial:
"Como assim, tia Bia?", me pergunta o pequeno gafanhoto. Simples...
De um lado extremista temos os SJW's, defensores de uma "moral e justiça social (o politicamente correto) COMPLETAMENTE DISTORCIDOS". E na outra ponta da ferradura temos o outros extremo, que é A MESMA PORCARIA AUTORITÁRIA E BURRA, mudando só a desculpa (moral religiosa, valores tradicionais, etc).
A Ferradura... “Os extremos são iguais, mudando apenas a desculpa. E esse é o fim.” |
Voltando...
"Mas o que são SJW's, tia Bia?" - São os "Social Justice Warriors" ou Guerreiros da Justiça Social, que apesar do nome bonitinho, na verdade distorcem e contaminam o movimento social que terminam fazendo parte.
Lembram que no final do artigo falando sobre a polêmica envolvendo o Evil Ryu e o Violent Ken eu disse:
"(...)E infelizmente esse tipo de distorção está presente hoje na militância, é só olhar os casos onde afirmam apropriação cultural por alguém não negro usar um turbante (que nem de origem da cultura negra africana é), em vez de combater o verdadeiro mal (que seria a pessoa ser racista com um negro por usar o turbante e achar lindo qualquer pessoa que não é negra usar).
Enquanto tiver gente que, em vez de pesquisar e buscar entender o conceito que está por trás disso, ficar apenas apontando o dedo porque maldou alguma coisa e criar teorias em cima disso (mesmo tendo algum fundo de verdade no meio do raciocínio distorcido), só enfraquece e transforma em chacota a luta pelo qual acredita."
Então, isso é um exemplo do que é ser SJW. Nisso movimentos sociais que possuem pautas legitimas, terminam virando uma caricatura de si mesmos e conseguindo a antipatia, não apenas do "inimigo ideológico", mas também da pessoa comum, que quer apenas chegar do trabalho e ver seu/sua futebol/novela/série favorita.
"Ok, e o que isso tem haver com essa lei ridícula do Feliciano?" Muita coisa.
Se pararmos para pensar friamente, esse mesmo pessoal "super engajado e do bem", vem com discursos contra a intolerância religiosa, proibindo até mesmo algumas críticas feitas a certas passagens do Alcorão, por exemplo. Falam palavras bonitas como a "destruição de terreiros por fanáticos tem que acabar" (coisa que eu concordo), porém...
ELES NÃO SE IMPORTAM SE ESSAS MESMAS COISAS FOREM FEITAS CONTRA O CRISTIANISMO. Se você enfiar no rabo uma imagem de Ogum numa performance artística é capaz de te execrarem, afirmando que você é um preconceituoso babaca contra as religiões afro. Se você mijar em cima do Alcorão, irão xingar até a sua sétima geração de islamofóbico. Porém, se você fizer o mesmo com uma imagem cristã e com a Bíblia, não tem problema, pois é a religião da maioria, logo opressora, e cristãos NUNCA, JAMAIS, irão sofrer algum tipo de preconceito religioso. E isso é algo que vejo comentários desde um bom tempo, incluindo de pessoas que são simpatizantes a diversas causas que os justiceiros apoiam.
E para melhorar, esse mesmo pessoalzinho "legal e do bem", sai gritando e fazendo escândalo, dizendo que uma garota que usa turbante por conta de câncer é apropriação cultural e ela é uma racista por isso e que dar bom dia na rua é um ato de assédio comparável ao estupro, pedindo censura ao que não gostam e fazendo boicote, PORÉM, se você não concorda com eles é automaticamente um fascista de merda que idolatra Hitler.
Sabe, toda ação gera uma reação de mesma intensidade. Como li na página Aventuras na Justiça Social:
"(...)Nós avisamos que a tática deles seriam usadas contra eles. SJW não gosta tanto de calar os outros à força? Tomem na tarrequeta agora. Os "inimigos" dos justiceiros (bem mais numerosos) aprenderam a lição."
Então, basicamente, a mesma tática usada por um extremo, o outro aprendeu a usar.
E, infelizmente, pessoas sensatas, sejam de direita, esquerda, centro, ou que simplesmente estão cagando para o que está acontecendo, são as que, no final, irão pagar o pato por isso. E isso inclui eu, você e qualquer um que defende a liberdade de expressão.
Não estou dizendo que o extremismo do outro lado, surgiu magicamente, graças aos SJW's. E sim, que estes últimos, estão ajudando a alimentá-lo.
Espero sinceramente que essa lei não seja aprovada. Por que, se for, parabéns SJW's, parabéns extremistas em geral. Vocês conseguiram abrir a Caixa de Pandora. Ao menos, resta a esperança.
Você caiu em contradição ao afirmar que o islamismo pode ser uma vítima! Não! O Islã é a religião mais agressiva e perniciosa que existe! Tente desenhar o Maomerda sendo enrabado por um camelo ou ele comendo sua esposa de seis anos para ver o que acontece! Vão lhe caçar, vão lhe desprezar no mínimo! Sou como o Winston Churchil: "O Alcorão é o Mein Kampf dos muçulmanos"!
ResponderExcluirClaro, como se tacar pedras num muçulmano aleatório fosse algo louvável e isso não fosse preconceito religioso.
ResponderExcluirEu tenho críticas BEM SÉRIAS quanto ao Islã, mas não irei passar a mão na cabeça de ninguém. Existe violência e intolerância por parte de alguns adeptos? SIM. E existe intolerância de quem não é? Também sim.
Vou apontar a hipocrisia e a intolerância sim, seja de quem afirma que tudo é islamofobia, seja de quem é contra o Islã, seja de quem não está nem aí.
Como disse, extremos são iguais e o que muda é a desculpa dada.