20 fevereiro 2019

Existe espaço para jogos como Dead or Alive atualmente?


Nihao! Acho que todos estão carecas de saber sobre a polêmica que rolou com Dead or Alive no EVO Japan, na semana passada. Para quem perdeu um resumo:

Shimbori, ao demonstrar o quão realista tinha ficado Dead or Alive, colocou os personagens em poses um tanto insinuantes e pausadas para demonstrar a câmera livre do jogo. Isso tudo acompanhado por duas modelos no palco, com "bastante saúde", que ficavam fazendo comparações com a física do jogo e começaram a fazer brincadeiras com seus dotes físicos e roupas reveladoras.




O produtor do EVO, Joey Cuellar, manda derrubar a transmissão ao vivo e manda expulsar o produtor e as modelos do evento.


E em seguida posta um pedidos de desculpas, falando que aquilo não representava os valores do evento. E terminou sendo xingado e trollado pelo público, fazendo com que ele apagasse a publicação.

Com isso, voltamos, de novo, para a questão da sexualização, se isso é necessário e se há espaço hoje na cena para coisas do tipo.

Claro, antes de começar, é bom deixar claro que essa é a minha opinião somente (e você pode e tem o direito de concordar ou não com ela) e não falo em nome de ninguém, apenas por mim.

Se você chegou agora no mundo dos jogos de luta, deixa a tia Bia te contar uma coisa: O FANSERVICE É A MARCA DE DEAD OR ALIVE. Sim amiguinho, desde o início temos peitos, tetas balançantes, mulheres sensuais, mais peitos, roupas reveladoras, mais tetas balançantes, além de bastante exagero, como o campo minado que existia fora do ringue no primeiro jogo.


Lembro que eu me divertia jogando ele, em parte, devido aos seios de gelatina das personagens. Era bem engraçado.

Como puderam perceber, desde o surgimento, ele tinha esse apelo e se tornou algo marcante na série, algo similar com os fatalitys em Mortal Kombat. Assim como é difícil imaginar um MK sem fatalitys (e de certa tivemos, com MK vs DC com finalizações amenizadas, coisa que foi MUITO criticada pelos fãs antigos de MK), desculpa, é difícil imaginar DOA sem o apelo sensual.

Essa coisa do fanservice está tão enraizada, que temos o filhote Dead or Alive Xtreme, uma série paralela, focada apenas no fanservice.


Quando DOA 6 foi divulgado, fãs de longa data (assumo que eu inclusa), estranhou e reclamou da falta desse apelo. Conforme foram divulgando mais informações, terminamos percebendo que nada era aquilo que parecia ser. Aliás, está surgindo teorias de que isso tudo que rolou no E.V.O. foi arquitetado.

Como todos devem estar careca de saber, eu NÃO sou contra o fanservice. Eu sei que existem exageros, mas não sou contra ele existir, pelo contrário. Quero algo igualitário, ou seja, tanto homens quanto mulheres sensuais, mostrando os seus dotes.

Por mim, todo mundo vira gogoboy
Eu tenho a ciência de que, como seres humanos, temos essa questão da sexualidade enraizada (salvo exceções) e não vejo problemas em quem quer vivenciar isso de maneira saudável, mesmo que seja desenhando, jogando ou se vendo em um personagem sensual.

P.Labo e seu Vega/Bison que me fez, por um momento, querer ser Doll
E sim, mulheres também entram nessa. Tenho amigas (e já vi outras garotas por aí) que se veem em personagens poderosas e sensuais como a Morrigan, ao mesmo tempo que são "apaixonadas" por personagens como Ryu, Ed, Necalli e até mesmo o Vega/M. Bison (já vi até pelo F.A.N.G.)! E sim, eu me incluo nessa. Isso porque eu nem falo dos gays.

Com isso me vejo numa situação de que, seria hipocrisia minha aplaudir quem quer que jogos como DOA sejam varridos do mapa. Visto que eu gosto quando vejo algo similar com algum personagem masculino.

O que mais vi, morando na periferia do Rio, foram mulheres com trajes tão mínimos quanto.
E hoje, infelizmente, vejo que uma onda "puritana progressista" invadiu os jogos, ao menos aqui no ocidente. Com argumentos a favor de "justiça social", alguns querem limar o fanservice existente, mas claro, envolvendo APENAS as personagens femininas. A coisa chegou num ponto onde sites ditos "sérios" gastam as vezes mais tempo falando sobre o quanto uma determinada roupa é inapropriada (lembrando até aquele papinho de "conservador") do que a jogabilidade em si do jogo.

O problema é centrado sempre no corpo feminino, a beleza e a sensualidade da mulher, que pelo visto, nos jogos, não podem mais utilizar certos trajes, mesmo que, essas roupas sejam apenas um reflexo da realidade, como no caso do segundo traje de Laura que não deve em nada a certas roupas vistas na periferia do Rio de Janeiro.

Cody e o olhar que fez até alguns homens duvidarem da sua heterossexualidade
Claro que, curiosamente, parte das pessoas que argumentam ser contra o fanservice, fazem vista grossa quando tal coisa acontece com os rapazes. Isso quando não ditam generalizações como "mulher não gosta de homem musculoso", para tentar embasar o seu argumento. O que torna a coisa mais engraçada, ainda mais levando em conta que, se o fanservice em si é prejudicial, então tal coisa deveria ser proibida para ambos, não?

Esse debate já tinha voltado a tona, com a divulgação do novo Mortal Kombat e a forma pudica de suas personagens femininas, assim como a "falta de carne".


Ao mesmo tempo que tivemos uma Sonya Blade com um traje mais condizente com sua profissão, ela perdeu massa muscular (ficando bem magra) e Skarlet, que era uma personagem que tinha uma desculpa em seu storyline para ser "pelada", foi descaracterizada (assim como seus atributos físicos foram "nerfados"). Isso porque nem comento as críticas quanto ao rosto das personagens femininas, pois isso é algo que vejo desde antes desse MK.


Isso gerou um debate tenso, com textos exaltados, seja do lado de quem era a favor ou de quem era contra. Ao mesmo tempo que gerou, ou ao menos deixou as claras certos questionamentos: Por que um personagem de pouca roupa seria algo ofensivo e um cara sendo desmembrado vivo não? Por que a violência é algo aceitável dentro de um jogo e a sensualidade é uma coisa que merece ser banida? Por que a Skarlet usa uma "burca" e o Shao Khan continua parecendo um gogoboy (e conheço gente que acha ele uma delícia)?

E com o acontecimento de DOA, essas questões ficaram ainda mais evidentes. Se DOA não representa os "core values" do E.V.O., porque MK representaria, sendo um jogo de violência gráfica extrema não aconselhável para menores (conforme o próprio selo do jogo)?  Por que deveríamos censurar um e o outro não?


Devido a toda essa conjuntura de hipocrisia e censura dos ditos "progressistas", vejo que, jogos como DOA TEM SIM que continuar existindo, pois terminam jogando na nossa cara esses problemas e o quanto o pessoalzinho que luta pela justiça social pode ser tão tacanho e hipócrita quanto aquele religioso radical e extremo. E claro, também nos divertindo, afinal jogo é pra isso.

"Ah, mas eu não gosto desse fanservice..."

Então, NÃO JOGUE E NÃO COMPRE. Eu já fiz isso no passado com certos produtos, é algo bem simples e fácil de se fazer. E também APOIE OS JOGOS QUE  SEJAM DE ACORDO COM OS SEUS VALORES. Assim como, EXIJA UM PRODUTO DE QUALIDADE, porque não importa se o jogo é o "mais politicamente correto possível", se a jogabilidade é uma bosta tremenda, se é cheio de bugs terríveis. E aí, desculpinha de que o pessoal não joga porque é "machista" ou algum outro "ista" não vai colar (como se esse argumento já não fosse motivo de risos para alguns). Porque não adianta de nada ficar fazendo campanha contra fanservice, se quando aparece algum jogo que tem tudo aquilo que você considera certo, você nem dá o devido apoio.


Então, vida longa a Dead or Alive. Que ele continue desmascarando o lado podre dos justiceiros. Afinal, gente assim, só faz um desserviço a causa que defendem. E lógico, que o fanservice igualitário continue crescendo. E para isso continuar, eu não devo eliminar jogos como DOA.
Comentários